O Embaixador de Portugal em Moçambique, Jorge Monteiro, visitou hoje a Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) e enalteceu, orgulhoso, a excelência da instituição, revelada através da oferta de uma educação de qualidade, de vários projetos – na sua maioria de cooperação – e da difusão e promoção da Língua Portuguesa.
A visita começou no átrio central, com a entoação dos hinos de Moçambique e de Portugal pelos alunos do 3.ºB, do primeiro ciclo do ensino básico, e avançou depois por gabinetes, salas de aula, laboratórios e espaços comuns, onde o embaixador e a sua comitiva foram recebidos com sorrisos, abraços e explicações sobre as várias exposições, projetos e matérias que estavam a ser lecionadas.
Na Biblioteca José Craveirinha, conheceu o funcionamento do projeto “Mabuko Ya Hina” pela voz da sua coordenadora, ficando a saber que a rede integra: 26 escolas no distrito de Maputo, Matola e Matutuíne, 10 no Chibuto, 5 em Inharrime e 6 em Inhambane (Província de Inhambane); 10 na Gorongosa (Província de Sofala); e 10 na Ilha de Moçambique (Pronvíncia de Nampula); perfazendo 10 bibliotecas escolares e 61 maletas de leitura.
Nas salas de aula, Jorge Monteiro interagiu com alunos do primeiro e do terceiro ciclos do ensino básico. Foi neste último que aproveitou para aferir sensibilidades em relação às novas medidas restritivas sobre o uso de telemóveis na escola. Uma aluna respondeu prontamente que a mudança já estava a dar frutos, pois “já temos mais momentos de convivência. Conversamos mais entre nós”.
O percurso levou-o depois ao recreio, onde os abraços se multiplicaram, e ao pré-escolar, que ofereceu um momento simbólico no “Mural da Paz”, criado hoje no âmbito das celebrações do Dia da Paz, que amanhã se assinala no país. O brinde foi uma canção pela paz, cantada em coro e acompanhada pela guitarra de um educador, enchendo o espaço de música e harmonia.
No sótão, o Embaixador visitou o novo espaço das artes da Escola, a “Alquimia das Artes”, que acolhe a exposição de alunos de Artes Visuais inspirada numa recente visita de estudo ao Camões – Centro Cultural Português em Maputo para fruir a mostra do artista moçambicano Jorge Dias. No mesmo espaço, que une arte e ciência, houve ainda lugar para experimentações científicas conduzidas pelos alunos, que desafiaram e surpreenderam a comitiva com criatividade e engenho.
A manhã, feita de desafios, descobertas e afetos, terminou no Gabinete da Diretora com a assinatura do livro de honra pelo Embaixador, sempre acompanhado pelos membros da direção, coordenadores de ciclos, coordenadores de departamento e professores.
Na ocasião, o CRE aproveitou para recolher alguns testemunhos. Ficou a promessa de uma entrevista, mais extensa, que poderá ser lida na edição 127 da revista O Pátio.
Qual é a avaliação que faz desta visita à nossa Escola?
É uma visita muito emotiva e importante para mim, porque eu tinha estado antes na Escola Portuguesa de Maputo, em 2008. E, voltando agora como Embaixador, sinto-me profundamente orgulhoso de ver que a escola continua a crescer, continua a evoluir, continua a melhorar. Visitámos agora um Centro de Ciência que é absolutamente impressionante e se calhar não está ao dispor na maioria das escolas em Portugal. Portanto, sinto-me muito honrado, como Embaixador de Portugal, por ver que a Escola Portuguesa é uma escola viva e que está continuamente a procurar melhorar a sua oferta educativa.
Quais são as principais prioridades da sua missão em Moçambique, especialmente nas áreas de educação e cultura?
Moçambique vive neste momento um grande desafio, que é um forte crescimento demográfico. É uma população que tem crescido na ordem de um milhão de nascimentos ao ano e, portanto, é um país que precisa de uma forte aposta na educação. A Escola Portuguesa de Moçambique é uma escola de excelência em Maputo, mas seria uma escola de excelência em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo.
Eu espero que seja possível, durante a minha missão em Moçambique, nos próximos anos, expandir a oferta de ensino em Maputo, capital de Moçambique, mas ir também para fora de Maputo, designadamente na Beira, onde já temos um polo da Escola Portuguesa, mas também, se possível, levarmos a Escola Portuguesa também ao norte de Moçambique, designadamente a Nampula, que é uma das províncias onde há um maior crescimento populacional e onde também há uma maior necessidade de um ensino de qualidade. E a Escola Portuguesa está extremamente bem posicionada para oferecer esse ensino de qualidade também nessa importante região de Moçambique.
Como é que Portugal olha para a EPM-CELP no seu trabalho de promoção da língua e cultura portuguesas em Moçambique?
Nós olhamos, como disse há pouco, com orgulho. Esta foi uma aposta vencedora quando decidimos abrir a Escola Portuguesa de Maputo. E é para a apoiar em todas as suas vertentes. Porque aquilo que eu aqui pude comprovar hoje é que vi alunos felizes por estarem na escola, vi professores motivados, vi aqui um aspecto que é extremamente importante, que é uma convivência salutar entre alunos portugueses, alunos moçambicanos e também de outras nacionalidades. Diria, aliás, a maioria dos alunos da Escola Portuguesa são alunos moçambicanos. Isso também é um motivo de orgulho para Portugal, porque estamos desta forma também a apoiar o desenvolvimento de Moçambique e a educação é o bem maior de qualquer país, de qualquer sociedade. Portanto, é uma aposta para continuar, a levar avante com todo o entusiasmo.
Que desafios se colocam para este mandato em Moçambique?
Moçambique vive neste momento grandes desafios, como sabemos. Desafio populacional, que me referi há pouco, o desafio de crescimento económico, o desafio também de reconciliação nacional, porque vivemos recentemente um período de alguma turbulência pós-eleitoral. Portanto, é um período com grandes desafios. Portugal, pelas relações históricas, culturais, afetivas e humanas que tem com Moçambique, estará sempre na linha da frente dos países que estão ao lado de Moçambique para o apoiar a enfrentar estes desafios.
Nós temos uma comunidade portuguesa bem integrada na sociedade moçambicana, que muitas vezes já nem se distingue muito bem da população local, porque estão bem integrados, falam a mesma língua, sentem-se moçambicanos. Temos muitas empresas portuguesas também em Moçambique a contribuir para a criação de emprego, para a inovação, para a formação, para capacitação de novos quadros. Portanto, é esta aposta que nós queremos continuar a fazer, estar ao lado de Moçambique e estar dispostos a apoiar, porque aquilo que é bom para Moçambique é bom para Portugal.
O maior desenvolvimento de Moçambique será benéfico para os portugueses que cá vivem, será benéfico para as empresas portuguesas que cá exercem as suas atividades e será bom para o conjunto de moçambicanos e de portugueses que obviamente beneficiarão do maior crescimento, do maior desenvolvimento económico, do maior progresso social, de uma melhoria das condições de saúde, de uma melhoria da oferta educativa também no país. Portugal está em todas estas frentes a apoiar Moçambique e é isso que queremos continuar a fazer.
Qual é a mensagem que deixa para a comunidade portuguesa em Moçambique?
Eu diria que nos momentos difíceis nós temos que ser confiantes e saber transformar desafios em oportunidades. Portanto, a minha mensagem é de confiança. Temos que acreditar que um país jovem é um país de oportunidades e nós temos que fazer as apostas certas para transformar estes desafios, que eu já referi, em verdadeiras oportunidades de desenvolvimento e de crescimento em benefício de todos os cidadãos.
E para a nossa comunidade educativa?
Estão todos de parabéns. Como eu disse, há aqui uma equipa docente extremamente motivada e é contagiante a forma como encaram a sua missão aqui, a sua missão educativa. Creio que os alunos devem se sentir orgulhosos porque estão a frequentar uma escola de excelência. Também devem saber tirar partido da oportunidade que têm de ter acesso precisamente a uma escola de excelência, com uma oferta educativa multidisciplinar, com uma forte aposta na cultura, nas ciências, para se enriquecerem e para poderem estar melhor preparados para enfrentar os desafios do futuro.