DUAS PERGUNTAS AO PROFESSOR | “O início deste ano letivo …viveu-se um misto de alegria e de preocupação”
Dizem os médicos que a pandemia da covid-19, que fustigou o mundo durante intensos dois anos, deixou cerca de 203 sequelas de longa duração nas pessoas contaminadas. Na Educação, a doença também criou desestabilização, gerando lacunas no processo de ensino e aprendizagem e na socialização. Quem assim pensa é o professor Pedro Tavares. Licenciado como professor do Ensino Básico, variante de Educação Visual e Tecnológica, conta com 24 anos de serviço, 13 dos quais na área de Gestão Escolar. Lecionou em várias escolas da região do Algarve, assim como na Escola Portuguesa de Díli – Centro de Ensino e Língua Portuguesa Ruy Cinatti e encontra-se atualmente na Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Língua Portuguesa, desde o ano letivo 2020-2021.
Nesta nossa rubrica “Duas Perguntas ao Professor”, Pedro Tavares afirma que não só de perdas foi feito o período da pandemia. Os professores, por exemplo, ganharam novas habilidades, desenvolvendo metodologias de trabalho que ultrapassam o conhecimento comum da maioria dos professores e obrigando-os reinventar-se.
Que dificuldades e desafios enfrentou no primeiro período deste ano, volvidos mais de dois anos de confinamento, onde as metodologias de ensino foram mais desafiadoras?
O início deste ano letivo, após dois anos completamente atípicos, no que concerne à prática normal de uma escola, viveu-se um misto de alegria e de preocupação. Alegria, pois a verdadeira essência de uma escola está na presença física dos seus mais importantes intervenientes, os alunos. Preocupação, porque, como educador e professor, apercebi-me das várias carências que os nossos alunos apresentavam, carências estas, não só a nível das aprendizagens, mas da socialização e também na destreza física. Se o período de confinamento e de aulas à distância nos ajudaram a desenvolver metodologias de trabalho que ultrapassavam o conhecimento comum da maioria dos professores, obrigando-nos a "reinventar" o ensino, este período que se segue, de regresso à escola, também apresenta desafios para superar as lacunas resultantes do ensino à distância. Todos tivemos que nos reajustar para dar resposta às dificuldades e necessidades dos alunos nesse período, assim como agora, regressados ao ensino presencial, envidamos esforço de forma a preparar os nossos alunos, de modo a que estes terminem o ciclo de ensino com as aprendizagens essenciais programadas.
Que perspetivas tem deste novo período?
Neste novo período já é possível observar uma evolução a nível da socialização entre pares e com os adultos (professor/funcionário), o que se reflete na motivação diária deles, em contexto de aula e fora, assim como na progressão da capacidade físico-motora. Espera-se que estas evoluções continuem a realizar-se de forma a permitir a assimilação plena das aprendizagens.
DESTAQUE | Clarisse Machanguana encorajou ao foco, determinação e persistência entre os alunos da EPM-CELP

A aula, dada num contexto de atividade motivacional, cumpriu, em 50 minutos, o seu desiderato: motivar os alunos através de histórias e testemunhos de quem surgiu do “nada” para o mundo. Tão inteligente, quanto carismática, Clarisse narrou alguns episódios da sua vida para mostrar que “Não importam as circunstâncias em que nascemos. Embora possam condicionar um pouco o nosso futuro – ajudando ou não –, o processo é sempre difícil. É preciso foco, determinação e persistência”, explicou a jogadora.
Nascida num contexto de pobreza, Clarisse provou ao Mundo que acreditar nos sonhos é o princípio do sucesso. E argumenta: “Eu sou o exemplo concreto do percurso de alguém que nasceu no nada e, através do esforço pessoal, chegou longe. Nos sonhos, o chegar onde queremos não é a conquista propriamente dita. Chegar onde queremos é o iniciar do processo da conquista”, enfatizou, sublinhando que “busquem os vossos sonhos, mas cientes de que terão desafios. A vida nos vos deve nada”.
Para Sandra Macedo, diretora do Curso Profissional de Técnico de Turismo, os momentos partilhados pela jogadora devem impulsionar uma mentalidade forte e de resiliência nos alunos que, para além de Kwesi Mapanzene, outros sucessos surjam na turma, na Escola e em toda a sociedade. “É preciso potenciarmos os nossos sonhos. Sabermos identificá-los e seguirmos”, concluiu a docente.
Para além deste encontro com Clarisse Machanguana, a turma vai continuar a trazer testemunhos diretos de sucessos em diversas áreas de saber e atividade para estimular sonhos no seio da comunidade educativa.

DUAS PERGUNTAS AO PROFESSOR | "A `rotina diária´ está instalada e os comportamentos mais desadequados já foram trabalhados”

O seu nome é Teresa Jerónimo, professora licenciada, com formação para as disciplinas de Português no 1º ciclo e História no 2º ciclo. Com 40 anos de serviço, está há oito anos na Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM CELP). A sua carreira é dividida em dois momentos: 13 anos no 2º ciclo e 27 anos no 1º ciclo do ensino básico. Além das atividades letivas, exerceu os cargos de Adjunta do Diretor de um Agrupamento de Escolas (11 anos), Coordenadora de Departamento do 1º ciclo (cinco anos), Coordenadora de Escola (11 anos), Formadora Residente de Português de um Agrupamento de Escolas, durante dois anos.
Nesta nossa rubrica “Duas Perguntas ao Professor”, Teresa Jerónimo afirma que, com o alívio das medidas restritivas na prevenção da pandemia da Covid-19, contemplando agora a retoma das aulas presenciais, de atividades de complemento curricular e extracurriculares, o segundo período, que iniciou na segunda-feira, 16 de janeiro, será excelente. Acompanhe!
Que dificuldades e desafios enfrentou no primeiro período deste ano, volvidos mais de dois anos de confinamento, onde as metodologias de ensino foram mais desafiadoras?
Neste ano letivo, recebi uma nova turma de 23 alunos do 1.º ano. O que senti em relação à evolução que seria esperada para estes meninos de 6 anos? Um maior grau de imaturidade, ainda muita brincadeira em contextos desadequados às mesmas e dificuldades em manusearem os instrumentos próprios da sala de aula e de trabalho individual como tesoura, lápis de carvão e riscadores, cola… A imaturidade verifica-se, em maior grau, nos rapazes, sendo as raparigas desta idade mais ágeis de mãos e pensamento. Isto sinto-o aqui em Moçambique. Em geral, os alunos são mais imaturos e lentos nas suas tarefas e menos autónomos do que os que sempre encontrei e lidei em Portugal. Nota-se que o confinamento teve uma influência negativa tanto no desenvolvimento da sua motricidade como emocional e relacional. Por outro lado, considero que, tanto alunos como pais, estão a valorizar muito mais a escola, manifestando grande satisfação por fazerem parte das turmas, assim como noto uma maior valorização do trabalho dos professores.
Que perspetivas tem deste novo período?
Muito boas mesmo. A “rotina diária” está instalada e os comportamentos mais desadequados já foram trabalhados com todos. A curiosidade, a alegria e o bem-estar que se sente, diariamente, nestes alunos pequenitos vai fazer toda a diferença no processo de aprendizagem. Quando a aprendizagem é feita com satisfação tudo corre bem. Com a ajuda dos Encarregados de Educação, o estabelecimento de relações profissionais próximas e atentas a cada um (dos alunos e dos seus EE), também resolve muitos problemas relacionais e coloca-os, verdadeiramente, como um dos pilares da educação dos filhos.
VÍDEO | Momentos da saída de campo à Ponta do Ouro
No passado mês de dezembro, entre os dias 10 e 13, decorreu, pelo terceiro ano consecutivo, a saída de campo à Ponta do Ouro. Esta atividade, englobada no Plano Anual de Atividades da EPM-CELP, vai-se paulatinamente integrando na cultura da escola, fazendo parte do imaginário e das recordações dos alunos do secundário. Após terem realizado o batismo de mergulho nas piscinas da EPM-CELP, em outubro, 21 alunos, acompanhados por dois professores, aceitaram o desafio de realizar a certificação internacional de mergulho. Destes, 18 fizeram a certificação inicial, Open Water, que lhes permite mergulhar em qualquer parte do mundo até aos 20m de profundidade. Os restantes três, após terem feito a formação Open Water na saída de campo do ano letivo anterior, desta vez completaram a certificação Advance Open Water, que os dotou das necessárias ferramentas e conhecimento para poderem mergulhar até aos 35m de profundidade. Para além das já referidas certificações, os alunos participantes tiveram ainda a oportunidade de testemunhar a desova de uma tartaruga, numa exploração noturna proporcionada e supervisionada por fiscais da Reserva Marinha da Ponta do Ouro.Fica o testemunho em vídeo daquela que acreditamos ser uma experiência única de crescimento pessoal, pelo desafio e conhecimento que é proporcionado aos alunos.