No passado dia 1 de novembro, realizou-se uma palestra online do programa do Ciência Viva “O espaço vai à escola” destinada aos alunos do 12.º ano do Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias da EPM-CELP, intitulada “A física dos wormholes: viagens no tempo e paradoxos”, orientada pelo Doutor João Luís de Figueiredo Rosa.
O Doutor João Luís Rosa, físico formado pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa e, atualmente, docente na Universidade de Gdańsk, na Polónia, iniciou a sessão com uma explicação sobre a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, formulada em 1915, que está na base da hipótese dos wormholes. Explicou que estes “túneis” teóricos poderiam unir pontos distantes do Universo, facilitando inclusivamente as chamadas viagens no tempo. No entanto, ao contrário dos buracos negros, a existência de wormholes ainda não foi comprovada cientificamente, permanecendo uma hipótese que desperta o fascínio entre os entusiastas da ciência.
A possível existência de wormholes poderia viabilizar, para além das máquinas do tempo, viajar no espaço e percorrer distâncias colossais em intervalos de tempo extremamente curtos. Deste modo, o físico elucidou a audiência quanto aos efeitos de dilatação do tempo e da contração do espaço que, no contexto dos wormholes, são responsáveis pelo seu funcionamento como máquinas do tempo. Durante a palestra, os alunos aprenderam igualmente sobre vários problemas gerados por estes túneis, destacando-se o paradoxo dos gémeos e o do matricídio, o segundo relacionado com o problema filosófico do livre-arbítrio.
O físico não deixou de apresentar um famoso contra-argumento à hipótese dos wormholes: por muito interessante que seja, não pode ser verificada experimentalmente nem possui aplicação real. Todavia, João Rosa salientou que esse mesmo argumento foi utilizado para objetar as duas Teorias da Relatividade de Einstein, que posteriormente foram verificadas. O mesmo aplica-se aos buracos negros: teorizados em 1916 e cuja prova experimental se obteve cerca de um século mais tarde, em 2019, quando se fotografou pela primeira vez um buraco negro. O professor defendeu ainda que a investigação de wormholes permanece arrebatadora, apesar de não ter, de momento, aplicação prática. Mesmo assim, a seu ver, o avanço tecnológico que os cientistas fizerem na medida de alcançar este objetivo beneficiará as gerações futuras e deve ser essa a postura a adotar perante a ciência.
Fascinados pelo conhecimento adquirido na palestra, os alunos não hesitaram em colocar questões acerca dos wormholes e das áreas de estudo envolvidas nesta temática.
Demonstrando uma abordagem prática e acessível, o Professor João Rosa recomendou ainda filmes de ficção científica que exploram a teoria dos wormholes, acrescentando uma perspetiva cultural à sua exposição científica. A palestra A física dos wormholes: viagens no tempo e paradoxos foi um momento formativo enriquecedor e inspirador para os alunos da EPM-CELP que participaram.
Tatiana Ten Jua, aluna do 12ºA4